terça-feira, 22 de abril de 2014

Apresento aos que ainda não leram A Passagem dos Cometas esta resenha onde elaborei uma radiografia sobre o livro, onde enumero seus aspectos mais relevantes: A Passagem dos Cometas é uma leitura que impressiona pelo seu realismo, cuja narrativa segue num diálogo denso, profundamente humano e dramático, num estilo simples mas elegante e charmoso, fluindo com leveza e uma certa descontração por parte do Editor, um personagem irreverente e admirador confesso do poeta-dentista (seu amigo). Sendo que a partir da página 126 o autor passa a tratá-lo apenas como Poeta, quando o leitor passará a considerar (e admitir) que seja mais Poeta que dentista. Este poeta-dentista (que vive dividido entre poesias e dentes) é um tipo bonachão, piegas, com sua extrema veneração pelos poetas. Ardorosa paixão que fica explícita do início ao fim do livro. Neste romance psicológico há muitas informações biográficas a respeito dos poetas e literatos em geral, especialmente no que se refere as suas agruras, dando destaque ao sofrimento e a morte precoce que sempre nortearam suas vidas. O livro revela o complexo e mórbido mundo dos homens de Letras, especialmente os poetas. O leitor será surpreendido e "sacudido" a cada página. Um livro polêmico, intrigante, e que suscita muitas reflexões, numa linguagem clara e bastante acessível, capaz de satisfazer plenamente desde o neófito, que não seja familiarizado com esta disciplina, a Literatura, até o mais le-trado, erudito e bem informado. Sua leitura proporciona entretenimento, informação e sobretudo conhecimento. Embora o livro, no conteúdo, seja tangido pela morbidez, sua leitura nos revela a estreita relação que há entre os Cometas e os Poetas, esses dois magníficos astros. Muitos apreciam leituras que apontam referências e este livro é pródigo em esmiuçar a relação entre determinados conceitos. Há algumas "pitadas" de erotismo e algumas anedotas contadas pelo Editor, personagem que, reitero, é polêmico, brincalhão e debochado, mas que asseguro; não caem na vulgaridade, estejam certos disso. Tal recurso estilístico tem um propósito: desanuviar a aura nebulosa e severa que permeia o texto, ao trata de um assunto tão pavoroso como suicídio e morte. Uma realidade da qual não podemos fugir nem ignorar. Mas o prezado leitor há de convir que há necessidade disso, como uma ponta de punhal a fazer uma incisão, ainda que dolorosa, até atingir sua alma. Chocalhando-o, remexendo em suas entranhas, fazendo-o sentir, refletir, se emocionar, chorar, espernear... Remover a capa invisível da indiferença que o esconde. Infelizmente (na minha concepção) não há outra forma de alcançá-lo. Posso afirmar que este livro (psicológico, revelador e desafiador) lhe provocará profundas meditações e será diferente de tudo que você já tenha lido. Uma emocionante viagem pelo mundo dos poetas. Esses seres extraordinários que marcaram (e marcam) nossas vidas, vagueiam a nossa imaginação, enfeitam nossos devaneios e acalentam nossos sonhos. Afinal, quem nunca apreciou uma poesia, ou não tenha um poeta favorito guardado no coração? Edir Araujo