quinta-feira, 26 de novembro de 2015

RESENHA - A PASSAGEM DOS COMETAS
 Um livro forte, tenso. A morbidez, a melancolia, o pessimismo, a tragédia pessoal e os conflitos do personagem central - Poeta-dentista, que depois passa a ser tratado apenas como Poeta - chegam a ser contagiantes. Um verdadeiro soco no estomago, como Kafka dizia que um livro tinha que ser, cutucando fundo na alma, remexendo nos abismos do espírito.

Um exemplo singular desta arte de contar uma historia e ao mesmo tempo um manifesto cru e pungente sobre o complexo mundo do poeta como um todo, revelando-nos sua natureza, seu caráter, sua intimidade, suas desilusões, seus sentimentos, seus delírios; febris, belos, amargos ou sórdidos. Enfim, o sofrimento perturbador que habita o amago de todo ser humano. É possível que o leitor, muitas vezes durante a leitura feche o livro para refletir um pouco, retornando à leitura novamente, pois o livro nos obriga a sondar os labirintos mais recônditos da nossa existência. Duvida-se muito que alguém não saia de "A Passagem dos Cometas" com a base de si mesmo um pouco (ou muito) abalada; que o enredo não balance suas estruturas, seja a quem for. Não será nenhuma surpresa caso o leitor sinta alguma aflição pelo Poeta-dentista, que tem sua alma desnudada e esmiuçada pelo autor, numa extenuante análise psicológica.

O livro é permeado de diálogos sensacionais. Longas discussões, às vezes ásperas, graves, teóricas. Outras vezes agradáveis, divertidas. Discutem tabus, preconceitos, teorias, comportamento humano, focando no existencialismo, destacando a importância filosófica da existência individual, segundo a qual o  homem é livre e responsável por seu destino, sem nunca fugir do tema principal: os Poetas e a Poesia. 
Apesar da história nos causar um certo incômodo por conta da dramaticidade, temas de profunda complexidade, como a loucura, morte, suicídio, etc., o final é extremamente significativo, e inevitável, uma vez que sua sobrevivência (o Poeta-dentista, com todos os seus conflitos) seria absurdamente inútil, não tivesse sido necessário o suicídio filosófico, sutilmente sugerido do início ao fim do livro.
O livro é um mergulho no mundo da psicologia e da dramaticidade humana, repleto de reflexões filosóficas e psicológicas que se entrelaçam nos diálogos dos personagens.

O livro pode ser relacionado com romances psicológicos clássicos, tais como: Dom Casmurro e Crime e Castigo, Machado de Assis e Dostoiévski, respectivamente, por sua originalidade, expressão simbólica do drama humano, análise de diferentes aspectos da vida interior no que tange aos poetas e pelo pendor introspetivo, induzindo-nos a profundas reflexões.

Mas afinal, você sabia que há uma estreita relação entre os cometas e os poetas? Caso não saiba, a leitura deste livro torna-se obrigatória. O autor traça um paralelo entre eles, comprovando, sutilmente e com sólidos argumentos, que há uma íntima relação entre esses dois astros magníficos, sim; os Cometas e os Poetas. O leitor poderá examinar tudo isso em detalhes neste livro que impressiona, provoca curiosidades e desperta profundas reflexões. Além disso, tem por mérito resgatar a memória dos poetas, perpetuando-os, já que muitos deles estão distantes de nossa memória, outros tantos relegados ao limbo, esquecido...

Recomendado a todos que desejam um leitura de peso, mas com uma ressalva: será necessária uma dedicação extra para ingressar e viajar por este mundo admirável e fabuloso, conturbado e tenebroso. O mundo dos poetas. Mas ao final, com o espírito renovado, terá sido uma viagem gratificante, emocionante e inesquecível. 

sábado, 7 de novembro de 2015

Minibiografia

1960- Nasce em 14 de junho em Piraí-RJ.
1966- Inicia alfabetização na Escola Municipal Nilo T. Campos.
1970- Trabalhando desde muito cedo, aos 10 anos já exerce várias atividades informais: jornaleiro, balconista, vendedor, etc.
1971- Aos 11, compra sua primeira máquina de escrever e dá os primeiros passos como escritor mirim, escrevendo contos e esboçando seus primeiros versos.
1973- Presta exame de admissão ao ginásio (hoje Ensino Médio) no Colégio Estadual Affonsina Teixeira Campos.
1975- Aos 15, tendo tomado gosto por Literatura visita bibliotecas com frequência onde pesquisa e se instrui, tornando-se um autodidata aplicado. Como leitor assíduo tem acesso aos clássicos e consequentemente passa a escrever exaustivamente, compondo e fazendo resenhas dos livros que lia.
1978- Arrimo de família, após o curso secundário, interrompe os estudos devido a sobrecarga de atividades. Assim não obtém formação acadêmica, o que na sua concepção não representa nenhum descrédito uma vez que os livros e a universidade da vida oferecem vasto material de conhecimentos e experiências, sendo sempre um disciplinado estudante.
1983- Casa-se em 17 de dezembro com Patrícia T. O. Pereira.
1985- Nasce seu primeiro filho Rodolfo em 25 de março.
1986- Fixa residência em S. Paulo (capital) onde reside durante 10 anos ingressando na Editora Delta atuando como divulgador cultural e vendedor simultaneamente. Consequentemente parte para outras empresas adquirindo vasta experiência alcançando por seus méritos os cargos de supervisor e gerente. Detentor de vários cursos entre eles; informática, publicidade, inglês, combate a incêndios, etc.
1990- Nasce sua filha Rafaela em 14 de junho.
1997- Publica suas produções literárias na internet e retoma suas atividades como poeta e escritor independente, publicando em vários sites e blogs.

Poeta (marginal, pois não segue nenhum padrão pré-estabelecido) e escritor independente, sem vínculo com qualquer editora.
Obras: "A Passagem dos Cometas", romance psicológico (2ª edição revisada).
"Fulana". ( romance psicológico) Obs. Ambos publicados no Clube de Autores.
"Gritos e Gemidos" (seleção de poemas e crônicas).

Escrevendo mais 2 livros (na gaveta, "amadurecendo"). Eclético, tem grande diversidade de poemas, crônicas, artigos, resenhas, dispersos em jornais, blogs e sites pela internet.

Alvo de elogios e críticas (circunstância comum a todos que trilham o pedregoso caminho da Literatura) não se deixa abater pelas adversidades. Afinal, ninguém atira pedra em árvore que não dá bons frutos.






domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sobre o livro A Passagem dos Cometas


Alguns leitores que o leram comentaram que o acharam muito amargo.
Lembro que meus avós diziam que quanto mais amargo é um remédio mais eficaz se torna. O que não deixa de ter um fundo de verdade. Lembremos o chá de boldo que é muito amargo mas não tem remédio caseiro melhor para o fígado.
Bem, voltando ao referido livro eu pergunto: O que você gosta de sentir ao ler um livro?
Recorrendo à algumas reminiscências literárias, encontrei esta:
Certa vez, perguntaram a Franz Kafka (escritor tcheco, autor de romances e contos, considerado pelos críticos como um dos mais influentes do século XX) que tipo de livros as pessoas deveriam ler. Sua resposta:
“É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco na cabeça, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes? Oh, Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.”
Pela minha ótima achei original, certamente, pendendo para o extremo, talvez. Admirar um escritor não significa necessariamente concordar com tudo que ele diz. Mas será realmente necessário que tudo se “transforme em monstro” para que o livro valha a pena? Nem tudo o que Kafka disse pode ser considerado verdade absoluta – afinal, existem outras metamorfoses possíveis, nascidas do belo, do íntegro, do poético. O que é verdade, contudo, é a essência do pensamento do escritor: livros devem provocar o leitor; devem tirá-lo de seu mundo mais cotidiano e criar uma abertura, uma possibilidade de novas ideias; instigar sua imaginação. Devem fazê-lo viajar, sonhar, refletir. Viver momentos bons – ou ruins – através das palavras que ele lê. Não importa o que ele vai sentir ao final – felicidade, tristeza, agonia, dor, entusiasmo. Importa fazê-lo sentir algo.
Edir Araujo, poeta e escritor (ainda que dos mais modestos). Autor dos romances psicológicos A Passagem dos Cometas e Fulana. Gritos e Gemidos (Seleção de poemas e crônicas) e alguns ainda na gaveta, amadurecendo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A PASSAGEM DOS COMETAS (Fragmentos)

Divulgando mais um trecho do livro para degustação dos que ainda não leram. Página 185:
(...) POETA - Minha vida é estudá-los, meu caro! Não pense que sou feliz por isso, me provocam tanta melancolia, mas por admirá-los tanto... Despertaram a minha atenção desde menino, desde os bancos escolares. Aos oito anos já lia Viriato Correia, célebre autor de obras infantis. Degustava com prazer “No Reino da Bicharada”. Devorava Monteiro Lobato, as poesias de Olavo Bilac, Castro Alves e por aí vai... Sempre fui apaixonado por literatura, sabe disso, sobretudo a poesia. E cá estou eu, formado em Odontologia, com o meu gabinete particular, mas sempre voltado para os poetas.
EDITOR - Um incansável estudioso dos poetas.
POETA - Isso mesmo. Aprendi e aprendo tanto com eles! Com eles sorrio, com eles choro, vivo, respiro... Com eles sofro, resignado... e morro. Ah! Não ligue pra isso, vai! Não dê ouvidos às minhas afetações. Mas às vezes me pergunto por que sofrem tanto, e passam velozes como os cometas. A fatalidade e a desgraça parecem espreitá-los e num instante são arrebatados. `


À venda no site Clube de Autores >
https://clubedeautores.com.br/book/139950--A_PASSAGEM_DOS_COMETAS

sábado, 3 de janeiro de 2015

Quem não divulga se esconde

Tenho orgulho de compartilhar com os amigos este texto Pedro J. Bondaczuk, amigo de todos, simples, leal, espontâneo e abnegado. Mesmo virtualmente quem o conhece: amigos, seguidores, simpatizantes, sabem que não exagero nem um pouco. Jornalista, escritor e refinado poeta, seu estilo literário é inconfundível, elegante, requintado, no limite do perfeccionismo. Intimista, sempre exprimindo seus mais íntimos sentimentos, num tom confidencial e discreto. Como ele mesmo costuma dizer: "O poeta não tem o mínimo pudor em desnudar seus sentimentos e emoções em público”. Sobre tais pessoas, assim podemos dizer, sem nos exceder: "sua vida é um livro aberto". Eis aqui o histórico literário deste nosso amigo, expondo-nos suas atividades no ano recém findado, 2014.



Quem não divulga se esconde